quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Enchentes e Solidariedade

A enchente ocorrida, recentemente, marcou as vidas de muitos catarinenses, motivada pelas consequências das enchentes na região, criando um sentimento de solidariedade entre todos nós que vivenciamos essa tragédia da natureza. Para muitos, criou um sentimento de perda, não somente diante de danos materiais como também de perdas de pessoas próximas. Para alguns, tristeza, de limpar um a um os poucos objetos que restaram de toda uma vida, as pessoas que se foram: é muita lama para uma alma só. Para outros atônitos, sensação de incredulidade: ainda não caiu a ficha, hein.... Esses sentimentos diante da tragédia da enchente podem ser trabalhados de forma madura. Isso ultrapassa a questão da idade, entretanto, revela a capacidade de experiência emocional diante de casos-limite. A força da emoção intensa serve, então, como motivação criadora de idéias e propulsora de realização. A vida segue, em constante mutação, e isso oportuniza o crescimento de novas idéias. Conforme o romance de José Saramago "As intermitências da morte", ele expressa uma reflexão sobre a vida, a morte e a condição humana, quando defende a tese: “nossa única defesa contra a morte é o amor". A definição do amor é plural e imprecisa. Contudo, mistura de sentimentos, emoções e sensações, o amor é fonte de idéias. Mas para que essas idéias floresçam é necessário mergulhar nelas. Procurar ser contida esfinge não adianta: é necessário identificar exatamente qual sentimento vem junto: alegria, ternura, amor, paixão, prazer, tristeza, dor, medo, enfim. As histórias das enchentes e sua repercussão em todos nós, que sobrevivemos a ela, traçaram trajetórias na vida de cada um de forma diferente. A cada um de nós fica o compromisso de como trabalhar essa emoção. Por isso, é necessário mergulhar no fundo dessa emoção, dessa tristeza, para poder sair no refluxo renovado. Esse luto é necessário, para que nessa sensibilização da alma os sentimentos possam ser aproveitados em novas idéias. Isso significa que apesar da enchente, a natureza criadora é infinita na expectativa de novos começos, de novos finais, de novos recomeços. Seja em narrativas lineares ou não lineares, se se trata da condição humana, haverá multiplicidade de emoções que estão presentes na alma humana. E é isso que serve como fonte para o plot ou enredo principal das estórias.

Um comentário:

aninha disse...

Ontem mesmo comentei com uma amiga: sempre que estou triste com alguma coisa, fico um dia inteiro não prestando pra nada, e depois tenho as melhores idéias!
Mas completei dizendo que desta vez, com essa coisa de enchentes e desmoronamentos, ainda não saí do "um dia"... continuo triste e sem grandes idéias. Talvez porque a tristeza desta vez alcançou proporções gigantescas, e por isso, um dia não bastaria. Quem sabe depois deste silêncio gigante, venham idéias gigantes também. De qualquer maneira, uma certeza eu tenho: sou uma grande fã da alegria e das cores claras, mas é depois de uma tristeza ou uma decepção é que saem as minhas melhores idéias. Talvez quando a gente fica triste, fica quietinha e dá tempo da cabeça observar melhor certas coisas, pelo menos eu, em grande euforia, costumo ser desatenta. Taí uma coisa a ser pensada com mais calma. :)
Sempre boa informação! Parabéns Ofelia!